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CAPEIA ARRAIANA

Outras denominações: Capeia ; Corrida ; Tourada Raiana ; Tourada com forcão.

CONTEXTO TIPOLOGICO:
A Capeia Arraiana é uma manifestação tauromáquica específica de algumas freguesias do concelho do Sabugal, singularizada pela lide do touro bravo com o auxílio exclusivo do Forcão.

CONTEXTO SOCIAL:
Comunidade(s): População da freguesia de Aldeia da Ponte (concelho do Sabugal); População da freguesia de Forcalhos (concelho do Sabugal); População da freguesia de Lageosa (concelho do Sabugal); População da freguesia de Aldeia do Bispo (concelho do Sabugal); População da freguesia de Fóios (concelho do Sabugal); População da freguesia de Soito (concelho do Sabugal); População da freguesia de Aldeia Velha (concelho do Sabugal); População da freguesia de Alfaiates (concelho do Sabugal); População da freguesia de Rebolosa (concelho do Sabugal); População da freguesia de Nave (concelho do Sabugal); População do lugar de Ozendo (freguesia de Quadrazais, concelho do Sabugal)


CONTEXTO TERRITORIAL:

  • Local: Sabugal
    Concelho: Sabugal
    Distrito: Guarda
    País: Portugal.
    Beira Interior Norte


CARACTERIZAÇÃO SINTESE:

A Capeia Arraiana é uma manifestação tauromáquica específica de algumas povoações do concelho do Sabugal próximas da fronteira com Espanha, que se caracteriza e singulariza das demais formas populares de manifestações tauromáquicas, pelo facto de a lide do touro bravo ser efectuada colectivamente, com o recurso do Forcão.
A Capeia é realizada em Agosto, em associação com a festa patronal de cada comunidade, e, regra geral, tem lugar no largo principal da aldeia, para tal temporariamente vedado. Para além da Capeia propriamente dita, isto é a lide do touro com o Forcão, constituem componentes públicas da prática o Encerro e o Boi da prova, que precedem a Capeia, e o Desencerro, com o qual ela termina.

 

A Capeia Arraiana é uma manifestação tauromáquica específica de algumas povoações do concelho do Sabugal próximas da fronteira com Espanha, que se caracteriza e singulariza das demais formas populares de manifestações tauromáquicas pelo facto de a lide do touro bravo ser efectuada colectivamente, com o recurso do Forcão.

PREPARAÇÃO DA CAPEIA:

A organização de cada Capeia tem início com a nomeação do grupo de Mordomos que será responsável pela sua organização. Essa nomeação é efectuada no final de cada Capeia, que nesse momento designa o grupo de Mordomos responsável pela continuação da prática no ano seguinte.

De entre as várias responsabilidades do grupo de Mordomos conta-se também o da angariação dos recursos financeiros destinados à realização da prática. Esta angariação de recursos é totalmente independente da preparação das várias componentes da festa religiosa, na sequência da qual tem lugar a Capeia. Regra geral, as diferentes festas são asseguradas por mordomias próprias e independentes.

Os recursos financeiros necessários à realização da Capeia são constituídos por contribuições fixas para os “solteiros” e variáveis para os “casados”, em função das possibilidades e vontades de cada um, mas também por donativos de outras pessoas da povoação e por apoios solicitados a empresas.

Esses fundos são destinados à promoção da Capeia a nível local, por exemplo através da impressão de cartazes a distribuir pelo concelho, mas também à realização das várias actividades que têm lugar por ocasião da Capeia, tais como a contratação de grupos musicais e a exploração de bares para animação do arraial que se lhe segue.

Os custos mais significativos a suportar são os relativos ao aluguer dos touros que serão lidados na Capeia, actualmente provenientes na sua grande maioria de ganadarias do Alentejo ou do Ribatejo. Meses antes da Capeia, os Mordomos deslocam-se a essas ganadarias para a selecção dos touros e contratação do seu aluguer. Os touros podem ainda ser provenientes de ganadarias espanholas, próximas da fronteira com o concelho do Sabugal. Contudo, tal sucede actualmente com menor frequência, tendo-se invertido por completo nas últimas décadas um dos traços da tradição da Capeia(vd. campo “Origem/Historial”).

É a utilização de uma estrutura em madeira, o Forcão, com a qual se lida o touro, que diferencia a Capeia das demais formas populares de manifestações tauromáquicas. Em cada comunidade, o Forcão pode ser utilizado nas Capeias em anos sucessivos, normalmente dois ou três. Apesar dos cuidados com a sua preservação, através do seu armazenamento num pavilhão agrícola ou outra estrutura para tal disponível, o Forcão acaba por deteriorar-se e ser substituído por outro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Quando tal sucede, a preparação de um novo Forcão inicia-se geralmente entre Fevereiro e Março, com a selecção e abatimento do carvalho que constituirá a sua estrutura, assim como, em certos casos, da madeira de pinho utilizada apenas para a “galha”. Como refere Adérito Tavares: “O corte do forcão é anunciado por uma ronda pelas ruas da aldeia, ao som do tambor, convidando novos e velhos a deslocarem-se ao campo em busca de bons troncos de carvalho. Eles podem ser cortados onde bem calhar, e nenhum lavrador se pode queixar se lhe derrubarem um ou dois reboleiros na sua propriedade. Faz parte da tradição. Antigamente a madeira era trazida pelos rapazes, a pulso. Hoje, normalmente, transporta-se num tractor” (Tavares, Adérito, 1985, A Capeia Arraiana, Ed. do Autor, p. 33).

Para além dos elementos de fixação – pregos e cordas –, o Forcão é elaborado unicamente com madeira de espécies locais – carvalho e, eventualmente, apenas para a galha, pinho –, e a sua construção é transmitida dos homens mais velhos para os mais novos.

Actualmente, apesar de ser realizada com modernas ferramentas de carpintaria, a construção do Forcão – desde a escolha, o corte e o tempo de secagem das madeiras até ao molhar das cordas com água pouco antes de cada Capeia para manter as várias peças bem fixas –, obedece a um conjunto de conhecimentos e técnicas que se têm mantido ao longo do tempo, pelo menos nas últimas décadas, como é possível verificar pela documentação fotográfica que integra o presente Pedido de Inventário.

Apesar de, após a realização da Capeia, o Forcão ser conservado em cada comunidade, normalmente num pavilhão agrícola, e das rectificações que são realizadas em cada ano, antes de nova Capeia, para manter toda a estrutura sólida, acaba naturalmente por se degradar e ser substituído por um novo ao fim de alguns (dois ou três) anos.

De entre as referências da literatura etnográfica sobre o Forcão deverão ser destacadas as de José Leite de Vasconcelos (v. Desenho n.º 3 – Anexo II/4) e de Ernesto Veiga de Oliveira, que respectivamente se lhe referem assim:

“o forcão ou forcado […] consiste no seguinte: Um triângulo de uns 5 metros de altura formado de varas muito grossas e atravessado por outras menores da seguinte forma: Em A está o rabiador, isto é um homem que dirige os movimentos do triângulo, segundo o ataque do toiro. Nos logares indicados pelas outras letras estão outros homens que sustentam o triângulo, uns por fora outros por dentro nos intervalos das varas. O toiro vem na direcção da base, que está pouco mais ou menos à distância de um metro do chão. O rabiador eleva ou abaixa o triângulo, auxiliado pelos outros homens conforme a direcção que o toiro toma, e tenta assim impedir que o toiro salte para cima do triângulo ou se meta por baixo, o que às vezes acontece, entre gritos e algazarra dos espectadores.” (VASCONCELLOS, J. Leite de, 1985, Etnografia Portuguesa, vol. IX, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, p. 572);

“Com grande antecedência, a mocidade prepara o forcão, que constitui a verdadeira originalidade destas touradas: um enorme triângulo feito de três longas pernadas de carvalho, os lados medindo cerca de 5 m, e um longo pau atravessado na base, com cerca de 7,5 m, que ficam com as pontas e as extremidades salientes – as galhas –; um outro pau, perpendicular à base, a meio desta, e com cerca de 6 m, tem a ponta, no vértice formado pelos lados do triângulo, também saliente – o rabicho –, servindo de leme a um homem que, nessa ponta, o empunha – o rabicheiro – para conduzir a actuação do forcão.” (OLIVEIRA, Ernesto Veiga de, 1984, “Tourada em Forcalhos”, Festividades cíclicas em Portugal, Lisboa, Publicações Dom Quixote, pp. 263-268.).

Decorrida a secagem das madeiras, entre Junho e Julho realiza-se a construção do Forcão, ao longo de algumas horas ao fim de semana. Em cada Capeia está disponível um Forcão, ocasionalmente dois, de modo a substituir rapidamente um na eventualidade de fragilizado ou destruído em função de investidas mais fortes dos touros. Quando são utilizados Forcões construídos em anos anteriores, procede-se sempre à sua rectificação, de modo a assegurar a robustez da estrutura. Também o Forcão construído nesse ano é objecto de revisão no próprio dia da Capeia, sendo as “galhas” molhadas com água e retesadas as cordas para assegurar que a estrutura se mantém sólida.

Por tradição, a Capeia Arraiana realiza-se no largo principal de cada povoação, temporariamente vedado para esse efeito, assim constituindo o côrro. Contudo, nas últimas décadas, algumas freguesias criaram recintos fechados usados propositadamente para a Capeia, (é o caso do Ozendo, Rebolosa e Vale de Espinho), e duas freguesias do concelho construíram mesmo praças de touros: Aldeia da Ponte (praça construída pela Associação dos Amigos de Aldeia da Ponte) e Soito (Casa da Juventude, Desporto, Cultura e Lazer do Soito, que inclui, presentemente, uma escola de equitação, um picadeiro e a Praça Municipal de Touros).

Quando realizada no largo da aldeia, o encerramento do recinto inicia-se dois ou três dias antes da Capeia. O côrro é constituído por um círculo, actualmente delimitado por estruturas adquiridas em cada povoação para o efeito, ou ainda utilizando atrelados de tractores e, sempre que possível, utilizando as próprias paredes das casas e currais anexos. Raramente se utilizam ainda carros de bois carregados com lenha, que constituíam até há várias décadas o meio fundamental de construção de barreiras contra o touro e de suporte dos espectadores da Capeia. Em anexo ao côrro improvisa-se um ou dois currais em que são encerrados os animais.

Consoante as povoações, constituem componentes públicas da Capeia o Encerro e o Boi da Prova, que precedem a Capeia propriamente dita, e o Desencerro, com o qual ela termina. Invariavelmente integra-a também o ritual do Pedir a Praça.

O ENCERRO:

O Encerro realiza-se logo da parte da manhã e consiste na recolha e encaminhamento dos touros para o curral ou currais preparados junto à praça. A recolha dos animais faz-se actualmente a partir da herdade/lameiro para a qual foram trazidos temporariamente, após o transporte, efectuado dias antes, das ganadarias onde o seu aluguer para o Encerro foi contratado. A recolha dos touros é efectuada por cavaleiros com o auxílio de cabrestos, (touros castrados) e vacas mansas, utilizadas não apenas para encorajar os touros no seu percurso para a povoação e assegurar o seu Encerro no curro, mas também nas próprias Capeias, para auxiliar a entrada e a retirada na praça dos touros mais renitentes.

Generalizado até à década de 1970 nas várias comunidades em que se realiza a Capeia, o Encerro sempre foi considerado como uma das suas componentes mais importantes, pois, para além dos cavaleiros que encaminhavam os touros, também a população acompanhava esse percurso, a pé ou, sempre que possível, a cavalo, ou aguardava com expectativa a entrada da manada na aldeia, desde logo avaliando do número e da qualidade dos touros.

O transporte dos touros, realizado hoje por camião, atempadamente evitando quaisquer perigos de tresmalhamento, desloca actualmente para outro plano a função do Encerro, que consistia originalmente no acompanhamento do gado no seu longo percurso desde a fronteira com Espanha. Aquela dimensão de espectacularidade constitui, provavelmente, um dos principais factores da manutenção do Encerro em algumas freguesias, atraindo actualmente também muita gente de fora que, a cavalo ou também já em veículos motorizados, participa hoje nos Encerros.

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



O BOI DA PROVA:

A concretização do Encerro anuncia-se com foguetes, sendo os touros deixados nos currais até à Capeia, que se realizará da parte da tarde. Porém, ao final da manhã (entre as 11h00 e as 13h00) e logo após o Encerro, tem lugar o Boi da Prova. Esta componente da Capeia consiste em “fazer sair” ou “correr” um dos touros para avaliar da qualidade do “curro”, termo que também designa o conjunto dos touros a lidar nesse dia. Para além da dimensão de antevisão da exigência a que os touros sujeitarão os homens da terra da parte da Capeia que se lhe atribui, o Boi da Prova constitui um momento de entretenimento e de agregação da comunidade na praça, fazendo aumentar a expectativa de todos quantos assistirão à Capeia, para a qual se reservam sempre os touros mais fortes.

Uma vez testado o Boi da Prova, regressa-se a casa para almoçar em família, ou, no caso dos forasteiros, para almoçar em grupo nos campos limítrofes à povoação, ou nos restaurantes da região.

PEDIR A PRAÇA:

A Capeia tem lugar a meio da tarde, cerca das 17h00, na praça a que entretanto acorreu toda a assistência, acirrando os touros encerrados nos currais antes de se instalar para assistir à prova.

A Capeia inicia-se com o ritual do “pedir a praça”, que consiste no pedido de autorização que um dos Mordomos efectua para dar início à Capeia. Formalmente variável de comunidade para comunidade, o pedido é realizado com a totalidade dos Mordomos já presentes na praça, após terem entrado a pé ou a cavalo, munidos ou não de “varas” decoradas ou outras insígnias (bandeiras, espadas, etc.), precedidos ou não de músicos e que desfilam pela praça.

É também variável de comunidade para comunidade o número de deambulações rituais dos Mordomos pela praça, assim como a figura a quem é dirigido o pedido ritual para dar início à Capeia, podendo ser uma pessoa mais idosa, o presidente da Junta de Freguesia, um dos Mordomos do ano anterior, ou qualquer outra pessoa de prestígio, mas regra geral sempre a alguém natural da freguesia.

São ainda variáveis as fórmulas dirigidas ao “dono da praça” na efectuação do pedido, assim como as que este utiliza para conceder autorização para iniciar a Capeia, como as seguintes:

Mordomo: “A malta do Soito, representada por esta mocidade, querendo seguir a tradição de conservar as touradas raianas, pede a V. Excelência autorização para iniciar a tourada.”

Resposta, na ocasião o Senhor Presidente da Câmara Municipal do Sabugal: “É com muito prazer e com toda a honra e consideração que dou a licença para que a tourada comece o mais rápido possível… tudo em harmonia em paz e união.” (conforme pedido gravada no programa emitido em 26/08/1984, pela RTP. Ver II - p.14. Filme)

Na descrição de António Pissarra, “O pedido é feito em voz solene a que se segue o discurso inflamado, de quem irá dar a permissão, sobre a importância da tradição e os valores da gente da Raia, pede-se também coragem e valentia, para além de cuidado, de modo a que não aconteça nenhuma tragédia e tudo acabe em bem. Redobram as palmas e agita-se a massa humana na expectativa da emoção que se aproxima.” (Pissarra, António, Terras do Forcão, 2003, Ed. Autores, p. 154).


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


A CAPEIA:

Concedida a praça aos Mordomos, esta é libertada para a lide do primeiro touro, de entre os cerca de 6 ou 7 que se lidam actualmente em cada Capeia.

Até então colocado ao alto junto a uma parede, o Forcão é preparado para que os homens da terra “esperem” os touros. O Forcão, com um peso de cerca de 300 kg, é erguido por um número variável de homens, entre vinte e trinta, distribuídos de ambos os lados do Forcão. Sempre que os lidadores sejam em grande número, ocupa-se também o espaço entre as varas transversais ao rabicho.

Os lugares que oferecem menor protecção das investidas do touro e que estão mais expostos ao perigo, e que, como tal, requerem maior coragem, são os da “galha”. No caso do primeiro touro de cada Capeia, os Mordomos têm invariavelmente o privilégio de pegar às duas “galhas” do Forcão, sendo estas que definem o número mínimo de Mordomos exigível para a organização de uma Capeia.

De entre os que “pegam ao Forcão” tem também particular destaque o “rabicheiro” (ou “rabiador”), isto é, o homem, ou o par de homens que, conjuntamente erguem o “rabicho” do Forcão e o direccionam para fazer rodar a estrutura e fazer frente às investidas do touro.

Para além daquelas posições estratégicas, que requerem maior experiência e destreza, usualmente pega-se ao Forcão indistintamente, de acordo com a apetência de cada um. A composição de cada grupo de homens que pega ao Forcão e que, correspondentemente, corre um determinado touro, não é previamente determinada nem exige uma coordenação prévia dos que compõem esse grupo. Regra geral, e para além da presença indispensável dos Mordomos às “galhas” do primeiro Forcão da festa, cada grupo constitui-se espontaneamente, em função da vontade de cada um em participar em determinado momento.
 
Sendo reconhecido que apenas é importante “perder o medo e ter o gosto pelo Forcão”, os Mordomos avaliam, contudo, a composição requerida por cada grupo de homens em função da maior ou menor corpulência e agressividade de cada touro, impedindo a participação dos mais inexperientes, sempre que necessário.

Após pegar ao Forcão, o grupo de homens “espera o touro” sustentando o Forcão ao centro da praça, aguardando a abertura do portão e, caso tudo ocorra como desejado, o imediato arremesso do touro contra a estrutura.

De acordo com a posição que cada homem ocupa no Forcão, e a altura a que se ergue ou baixa o Forcão, assim este é sustentado de forma diferente: agarrado pelas mãos, sustentado pelo antebraço, ou encostado contra a coxa ou o peito. Exerce-se pressão para baixo com as mãos sobre o Forcão, assim contrariando as investidas do touro para o soerguer e penetrar por sob a estrutura, e suportam-se os seus embates mantendo uma perna encostada ao Forcão, para o suportar, e a outra flectida, como contraforte.

Para além da destreza física de cada homem individualmente considerado, são evidentes a destreza e a coordenação colectiva que implica o manuseamento do Forcão, e que se expressa na harmonia com que este é rodado, ou se ergue e baixa em resposta às investidas do touro. Procura-se que este arremeta apenas contra as “galhas”, impedindo-o de as contornar ou de penetrar por debaixo do Forcão, o que normalmente força o abandono da estrutura e a procura de refúgio nos espaços para tal previstos aquando da montagem da praça. Não sendo previamente ensaiada, esta coreografia espontânea resulta em simultâneo da condução física dos rabicheiros, dos que pegam à “galha” e das vozes de ordem emanadas de uns e de outros.

Todas estas componentes – exposição pública e demonstração de coragem no enfrentamento do touro, de destreza física individual e de participação num esforço colectivo – constituem traços iniciáticos que permanecem na Capeia até à actualidade, apesar de esta não ser desde há várias décadas prática exclusiva dos jovens e factor de reconhecimento público da sua maturidade.

O facto de a Capeia ser efectuada com o Forcão não deve iludir a perigosidade de que se reveste. Com frequência, o touro consegue levantar o Forcão ou contorná-lo e, por vezes, os que pegam ao Forcão, ou os que saltam para dentro da praça para tentar dominar o touro – saltando-lhe para cima e procurando dominá-lo como numa pega – são colhidos. O mesmo sucede, por vezes, depois de arrumado o Forcão, quando os homens e os rapazes “brincam” com o touro, provocando-o e, naturalmente, procurando escapar às suas investidas.

Desde muito recentemente os touros têm de se apresentar embolados (protecção de cabedal nas hastes do touro de forma a evitar ferimentos aos “toureiros”), e já não em pontas, diminuindo assim o risco de ferimentos graves, o que sucedia no passado, inclusive com desfechos fatais. O facto de os touros utilizados para a Capeia serem hoje embolados tem tido como consequência a escolha de touros mais corpulentos.

Sempre que há necessidade de dominar o touro, intervêm também os capinhas, toureiros a pé, locais ou provenientes de Espanha, a que Adérito Tavares se refere assim: «Os capinhas ou maletas são toureiros espanhóis, que andam de terra em terra, sedentos da fama e do proveito das arenas, ganhando experiência nas Capeias dos dois lados da raia. Num dos intervalos da corrida, os capinhas fazem o seu peditório: “Venga, señores, venga!”. Quase sempre acabam por reunir um bom talego de notas e moedas» (Tavares, Adérito, 1985, A Capeia Arraiana, Ed. do Autor, p. 36).

Após serem corridos todos os touros, normalmente em número de seis ou sete, finaliza a Capeia e a assistência desmobiliza para o jantar, em casa ou no arraial, e depois para o baile. Logo após a Capeia, em algumas povoações procede-se ao desencerro, isto é, à devolução dos cabrestos e dos touros do Encerro, novamente conduzidos pelos cavaleiros, mas desta feita sem o acompanhamento da população que se verifica no Encerro.

Nos casos em que não se realiza o desencerro, os animais são carregados no camião para a sua devolução à ganadaria de que provêm.

É também após a finalização da Capeia que os Mordomos nomeiam os seus sucessores, que serão responsáveis pela organização da Capeia do ano seguinte.

  • Manifestações associadas:
    Actualmente, a Capeia Arraiana é realizada, quase sem excepções, durante um período festivo, normalmente a seguir à festa em honra do patrono de cada aldeia, constituindo o ponto alto e mais emblemático dessas festividades. Mesmo que, por qualquer motivo, não se realizem os festejos religiosos, a Capeia realiza-se sempre. Para identificação destas festas deve ser consultado, no Anexo II, o Quadro “Sabugal – Locais de Realização da Capeia Arraiana em 2010” (Anexo II/5-17). Originalmente, a prática da Capeia tinha lugar no próprio dia da festa patronal da comunidade, na parte da tarde e na sequência das celebrações religiosas. Contudo, veio a ser deslocada geralmente para o dia seguinte, o que sucedeu, muito provavelmente, por acção da Igreja, como o revela a pastoral emitida em 25 de Julho de 1884 por D. Tomaz Gomes de Almeida, Bispo da Guarda: “Proibimos muito expressamente, por não ser consentâneo com a gravidade do culto e com os sentimentos de piedade que devem animar os fiéis, que por ocasião das solenidades religiosas, antes ou depois delas, se façam dramas ou autos religiosos ou outros espectáculos e divertimentos impróprios e até desumanos e bárbaros.” (Gomes, J. Pinharanda, 1979, D. Tomaz Gomes de Almeida, Bispo de Angola e da Guarda (Obra Pastoral), in, Memórias de Riba Coa e da Beira Serra -3-, Braga, Editora Pax, p. 94). Nas povoações em que não há festividades religiosas (por exemplo no Soito), a Capeia realiza-se no último dia das festividades profanas (“festas civis”) e que consistem, entre outras actividades, em garraiadas, largadas de touros, jogos tradicionais, concertos musicais, com bailes, etc.

  • Contexto transmissão:
    Estado de transmissão activo
    Descrição: A tradição está activa nas seguintes freguesias do concelho do Sabugal: Aldeia da Ponte, Forcalhos, Lageosa, Aldeia do Bispo, Fóios, Soito, Aldeia Velha, Alfaiates, Rebolosa, Nave e no lugar de Ozendo (freguesia de Quadrazais). A tradição está inactiva nas seguintes sedes de freguesia do concelho do Sabugal: Vale de Espinho, Quadrazais, Rendo e Vila Boa.

     

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Actualmente a Capeia Arraiana é praticada em 11 das 40 freguesias do concelho do Sabugal e a sua vivência é um inquestionável factor identitário das povoações fronteiriças, para além de ocupar um lugar fundamental na memória colectiva destas comunidades, incluindo as 4 sedes de freguesia (Quadrazais, Rendo, Vale de Espinho e Vila Boa) em que a Capeia já não se realiza. É uma tradição popular amplamente reconhecida na região de Riba-Côa como elemento identitário das comunidades em que se pratica.

Têm acesso à Capeia, para assistirem à sua realização, e por vezes também para nela participarem, não apenas os naturais da povoação, mas também as pessoas das aldeias vizinhas, de outros concelhos, e muitos espanhóis, sobretudo da zona da raia, onde não existe tradição da corrida do touro com Forcão. A Capeia constitui o mais forte elo de ligação entre os naturais de cada comunidade, não apenas os residentes, mas também os que emigraram para o estrangeiro e os que residem em território nacional, longe da sua terra, e que aí regressam para assistirem e participarem na Capeia. Esta tradição, constitui, em cada comunidade, a prática popular que envolve a participação de mais gente, e é também aquela que mais forasteiros atrai a esse local.

Tradição enraizada na população, a Capeia é realizada todos os anos, sendo organizada pelos Mordomos nomeados no ano anterior, num rito de passagem por princípio destinado apenas aos rapazes solteiros. Os jovens que são mordomos pela primeira vez passam para o mundo dos adultos. O fim da adolescência é ritualizado pela designação para a mordomia. Por outro lado, desta forma, todos os elementos da comunidade alargada (que inclui os que não residem na povoação) participam da tradição e a ela ficam vinculados com o orgulho de também eles já terem servido a festa e respeitarem os que agora servem, porque eles também já passaram por isso.

Toda a comunidade participa na Capeia, na organização, na logística, na montagem da praça, na feitura das calampeiras (lugares cimeiros que envolvem o côrro onde se realizam as Capeias, nos quais a assistência toma lugar), ou simplesmente para assistir.

A transmissão de todos os conhecimentos é feita exclusivamente pela via oral, quer em contexto informal de sociabilidade, em conversas sobre a tradição, quer em contexto mais formal, de procura de informação por parte dos mais jovens junto dos mais velhos, quanto ao modo como se deve pegar ao Forcão, qual a postura corporal a adoptar para que o Forcão faça frente às investidas do touro, como deve ser pedida a praça, ritual variável de freguesia para freguesia, etc. Naturalmente, a observação do desenrolar das próprias Capeias tem um lugar importante na aprendizagem de todas estas componentes da tradição. A aprendizagem do modo de pegar ao Forcão inicia-se desde a infância e a primeira juventude, com a possibilidade de participação em “esperas” de bezerros e vacas.

No caso do “rabicheiro” ou “rabiador”, que orienta e ergue a vara disposta transversalmente sobre a base do Forcão, como se de um leme se tratasse, esse papel é passado dos mais velhos para os mais novos, que adquirem experiência ao seu lado, coadjuvando-o nessa função.

Data: 2011-05-31
Modo de transmissão oral
Idioma(s): Português
Agente(s) de transmissão: Mordomos : Homens mais velhos ; Comunidades em geral.

ORIGEM HISTORIAL:
A Capeia Arraiana é uma tradição de origem indeterminável apenas com recurso à tradição oral e à memória colectiva das comunidades do concelho, segundo a qual sempre se conheceu a Capeia nas aldeias onde se pratica actualmente e não há memória de não ter sido praticada.

Da pesquisa bibliográfica que se efectuou para a elaboração do presente pedido resultou que a referência mais antiga encontrada foi a de Abel Botelho no livro Mulheres da Beira, que tem incluso o conto “Uma Corrida de Toiros no Sabugal”, escrito em 1886. Nos finais do séc. XIX e princípios do séc. XX, Joaquim Manuel Correia (1893) e J. Leite de Vasconcellos também referem a Capeia, com utilização do Forcão como tradição do concelho do Sabugal.

São variáveis, segundo os diversos autores, as origens que se atribuem à Capeia, remontando para uns a muitos séculos atrás, e para outros, entre os quais Adérito Tavares, apenas à segunda metade do séc. XIX.

Segundo este autor, a prática da Capeia no concelho do Sabugal deve ser entendida no âmbito de afinidades culturais entre a região de Riba-Côa e a região próxima de Castilla y León, fundadas não apenas na proximidade física mas também nos contactos entre as populações, nomeadamente por via do contrabando, e que fomentaram semelhanças no «linguajar, no vestuário e nos costumes. A própria Capeia nasceu desta vizinhança. A palavra vem do castelhano capea e relaciona-se com o acto de capear ou iludir o touro com uma capa.

A vizinha província espanhola de Salamanca é terra de grandes ganadarias: nas devesas e pradarias estremenhas e castelhanas criam-se alguns dos melhores touros de Espanha. Por outro lado, nas aldeias espanholas situadas junto da fronteira sabugalense, como Navas Frias, Casillas de Flores, Alberguería de Arganán e Fuenteguinaldo realizam-se capeias populares desde há muito, [sem utilização do Forcão] utilizando gado bravo criado na região. Como era frequente alguns dos animais atravessarem a raia e provocarem danos nos lameiros, batatais e hortas do lado de cá da fronteira, alguns dos ganadeiros espanhóis começaram a “pagar” os prejuízos cedendo gratuitamente algumas vacas bravas, por um dia. Fazia-se, assim, uma “Capeia”. As primeiras Capeias arraianas começaram, portanto, nos últimos decénios do século passado. Pouco a pouco, o hábito foi-se enraizando, de aldeia em aldeia. Muitos contrabandistas eram hábeis cavaleiros e auxiliavam os vaqueiros espanhóis a trazer o gado, por veredas e atalhos. O contrabandista falava bem o castelhano e tinha facilidade em criar amizades. A sua intervenção era quase sempre decisiva para conseguir a cedência dos animais destinados à capeia.

A partir dos anos 20, o gado tornou-se mais difícil de obter, devido a problemas de ordem fiscal e de ordem sanitária. Alturas houve em que se chegavam a “roubar” temporariamente em Espanha algumas vacas durante a noite e se traziam, sabe Deus como, para o lado de cá. Os conflitos foram tantos e tão graves que chegaram a ser objecto de intervenções a nível diplomático. Todavia, a partir do final da guerra civil de Espanha (1939), as autoridades de fiscalização fronteiriça começaram primeiro por “fechar os olhos” e, depois, a conceder uma autorização informal para a vinda temporária do gado às aldeias raianas. Nos últimos 60 ou 70 anos, o curro, constituído preferentemente por touros, passou a ser pago. Das cinco ou dez mil pesetas dos anos 50 chegou-se, na actualidade, à bonita soma de quase 2 milhões de pesetas. Perto de 2 400 contos pela utilização de 7 ou 8 animais, durante um dia. Todo este dinheiro é angariado entre a população pelos mordomos, dois jovens nomeados anualmente.» (Tavares, Adérito, 2001, “A tauromaquia popular na raia do Sabugal”, in Congresso do 7º Centenário do Foral – Sabugal. Actas, Sabugal, Câmara Municipal do Sabugal, pp. 89-96).

Do mesmo modo, também Ernesto Veiga de Oliveira considera a Capeia como uma tradição característica da «região de Riba-Côa, que corresponde aproximadamente ao concelho do Sabugal», e relaciona a sua origem com o «costume antigo [de os touros virem] de Espanha, das aldeias vizinhas, cedidos gratuitamente em contrapartida da renúncia, por parte dos lavradores portugueses proprietários de terras na raia, a quaisquer reclamações contra os estragos que os gados espanhóis ali fazem nas suas searas» (Oliveira, Ernesto Veiga de, 1984, “Tourada em Forcalhos”, Festividades cíclicas em Portugal, Lisboa, Publicações Dom Quixote, pp. 263, 264).

Da evolução que a tradição da Capeia tem conhecido ao longo do século XX deve ser destacado o progressivo desaparecimento dos maus-tratos outrora infligidos ao touro, sendo actualmente interdito o uso de quaisquer varas ou aguilhões destinados a enfurecer o touro e a provar a valentia dos que o toureiam. Como exemplos desses maus tratos de outros tempos ficam as seguintes referências:

 

 

 

 

 


«Corrida do Touro (Vila Boa): Não podia esta povoação escapar à influência dos vizinhos no que toca à selvática corrida do touro, e dizemos touro, porque nunca se corre mais do que um, cujo dono recebe 5.000 réis por cada corrida, a que chamam folguedo. A corrida é sempre ao forcão e vara larga ou garrocha, como em toda a raia lhe chamam, garrochões e maças.
O corro (curro) é feito num largo da povoação, tapando com carros cheios de lenha, tábuas e paus, as ruas que ali desembocam, o que parece uma barricada, sobrepujada depois pelo povo que se encarapita ali, armado de paus, de varas, foeiros, berrando, assobiando… As mulheres descompõem os maridos e ameaçam os filhos que vão tomar parte na corrida, choram, barafustam, numa gritaria infernal.
Os do forcão, ligados uns aos outros com as cintas, seguram o madeiro e esperam a investida do touro mal é aberta a porta da loja (assim chamam ao curral) onde o bicho está. Às vezes põe tudo em debandada, mas geralmente é vencido pelos grossos ferros dos garrochões empunhados pelos mais valentes que ladeiam a frente do forcão.
O rabeador, como quem diz o chefe da quadrilha, regula os movimentos, desvia o forcão, de modo a evitar que a fera ataque pelos flancos, o que seria uma fatalidade. É por isso sempre um homem alto, vigoroso e possante, dotado de coragem e, como todos os outros, capaz de afrontar o perigo.
Os das garrochas cravam-lhe ferros e, quando o touro corre vertiginosamente, furioso, em busca de vingança, outros o ferem de novo. Avança para o forcão, mas este evita-lhe as investidas, e no focinho e peito penetram-lhe os grossos ferros dos garrochões, quando lhe não impossibilitam a marcha, inutilizando-lhe as patas. Urra então no meio do côrro, ouvindo a gritaria do povo insaciável de sangue.
O dono protesta, quer retirar o animal, mas o entusiasmo atingiu o auge, os assobios e gritos ensurdecem tudo e a corrida continua. Mas o touro, cada vez mais furioso, procura com o olhar enraivecido o ponto mais fraco e corre e salta, fugindo pelos campos, numa fúria medonha, deixando uns esmagados pelas patas, outros feridos pelas pontas, finas como agulhas. Foi numa dessas fugidas que o touro matou, haverá perto de trinta anos, uma pobre velha, a tia Angela, que nem o nome, nem a repugnância que sempre teve pelas corridas, salvaram ao passar, pacata, despreocupada, por uma rua. Assim acabou uma das últimas corridas a que assistimos em Vila Boa.» (Correia, Joaquim Manuel, 1946, Terras de Riba-Côa. Memórias sobre o Concelho do Sabugal, p. 282);

«Da parte da tarde tem lugar a corrida propriamente dita. Logo após a refeição do meio-dia, as pessoas começam a afluir à praça e as bancadas, janelas e varandas, telhados e carros, vão-se enchendo. Todos, de cima do curro, querem ver e acirrar os touros encerrados; e os que já os viram, descem para dar lugar aos outros. Encostado à parede de uma casa, o rabicho ao alto, está o Forcão. O tamborileiro rufa.
Perto da hora, chegam as pessoas da família mais importante da aldeia, com os seus convidados, e tomam lugar num palanque, a meio da bancada central.
A mocidade participante, então, na praça, com canas de milho nas mãos, forma em duas filas, a pé, atrás dos dois mordomos empunhando a bandeira, a cavalo, de fato novo e luvas brancas, e com as montadas engalanadas. O cortejo, precedido pelo tamborileiro, abeira-se da bancada, e um dos mordomos, num curto discurso cerimonioso, solicita ao “dono da praça” licença para se realizar a capeia; esta pessoa responde, e o cortejo dá então duas voltas à praça, e os mordomos, sozinhos, mais uma terceira. Enfim, soa mais uma vez o tamboril, a gente que está na praça debanda, procurando locais protegidos, atrás das barreiras ou debaixo dos carros – os burladeros –; ficam na arena apenas os mais animosos: os capinhas espanhóis, e a mocidade, no centro do redondel, sustentando o Forcão, de frente voltada para o curro.
Da porta deste anunciam então a saída do touro; e logo ela se abre, e o animal irrompe e arremete contra o forcão, marrando nas galhas, e perseguindo em seguida, desorientado, pela arena, os que o provocam com correrias, passando-lhe à frente, ao lado, ou por trás, gritando, dando-lhe pauladas, aguilhoando-o. O animal investe, os perseguidos fogem, saltando para os carros, refugiando-se nas barreiras.
Umas vezes por outras os capinhas espanhóis entram em acção, e fazem os seus passes com mais ou menos perícia, merecendo não raro aplausos da assistência.
Chega então a vez de o forcão entrar em acção. Guiado pelo rabicheiro, que o ergue pelo rabicho, e conduzido pela gente nova que o leva seguro pelas duas pernadas laterais, procura-se, rodando com ele, levantando-o ou abaixando-o, conforme as investidas do touro, mantê-lo com o pau frontal sempre voltado para este, que marra furiosamente contra as galhas, e assim impedi-lo de atingir as pessoas.» (Oliveira, Ernesto Veiga de, 1984, “Tourada em Forcalhos”, Festividades cíclicas em Portugal, Lisboa, Publicações Dom Quixote, pp. 266-267).


Actualmente a Capeia Arraiana constitui uma manifestação cultural que não colide com o respeito pelos direitos, liberdades e garantias e a compatibilidade com o direito internacional em matéria de defesa dos direitos humanos.

Apesar de existentes, os riscos de colhimentos e ferimentos para o homem não são muito significativos, dado que todos os touros são embolados e que esse risco é atenuado pelo manuseamento correcto do Forcão. Por outro lado, a dimensão de risco não pode ser separada da demonstração da destreza de cada homem e grupo que manuseia o Forcão, e é o conjunto de ambas que constitui o principal ingrediente de atracção da Capeia, quer para os que nela intervêm, quer para os que a ela assistem.

A Capeia Arraiana é assim hoje uma tradição compatível com o respeito pelos animais, pois consiste pura e simplesmente num jogo de força entre o animal e o homem que em nada agride os direitos daquele. Ao contrário do que sucede noutras manifestações tauromáquicas, na Capeia o homem não inflige qualquer tipo de ferimentos ao animal, e a lide com o Forcão não implica qualquer sofrimento para o touro.

 

  • Direitos associados :

  • Responsável pela documentação :
    Nome: Norberto de Oliveira Manso
    Função: Adjunto do Presidente da Câmara Municipal do Sabugal
    Data: 2011-05-31

 INVENTÁRIO NACIONAL DO PATRIMONIO CULTURAL IMATERIAL:

http://www.matrizpci.dgpc.pt/MatrizPCI.Web/InventarioNacional/DetalheFicha/284?dirPesq=1

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Aldeia de Rendo., criado com Wix.com

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