top of page

O JULGAMENTO DO GALO

 

No Sabugal é costume reunirem-se todos os alunos da escola primária, formados em duas alas, alguns armados de velhas espadas, levando na frente um galo, que atam a uma corda, esticada entre duas janelas fronteiras.

 

Cada rapaz, por sua vez, corre impetuosamente com a espada sobre o galo, que fica incólume, por içarem a corda a livrá-lo do golpe, até que, depois de muitos tentarem em vão feri-lo e de alguns baquearem no chão, provocando grandes risotas, as pessoas que seguram a corda abrandam esta, expondo o pobre animal aos ímpetos dum rapaz, que o fere e mata num instante.

 

Cada rapaz recita uma quadra do testamento do galo, antes de investir com ele.

 

Ó galo! ó galo!

Fuge, que te intalo !

 

Ó galo! ó galo!

A quem deixas a crista?

- Ao senhor F. . .

Para encher as chouriças!

 

E, como testamento do galo, depois de deixar crista, pés, asas, etc., a várias pessoas da terra, cada coisa acompanhada da sua graça:

 

Deixo o miôlo das tripas

E mais toda a demasia

À mulher mais rabugenta

Que houver nesta freguesia!...

 

No fim o batalhão escolar desfila na direcção da casa do professor, a quem oferecem a vítima, que ele agradece e saboreia nesse dia.

FONTE:

TERRAS DE RIBA-CÔA. MEMÓRIAS SOBRE O CONCELHO DO SABUGAL

Joaquim Manuel Correia - Lisboa 1946

Aldeia de Rendo., criado com Wix.com

bottom of page