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AS TERRAS DE RIBA-CÔA

 

COMPREENDIAM as terras de Riba-Côa uma orla de terra, que media aproximadamente quinze léguas de comprimento e quatro de largura, limitada ao norte pelo Douro, ao sul e ocidente pelo rio Côa (de onde lhes vem a denominação de Terras de Riba-Côa), ao oriente pela província de Leão e parte da Estremadura espanhola. Transcudanos se chamaram em tempos anteriores à época portuguesa os povos que habitavam numa das margens do rio Côa.

Há no território de Riba-Côa muitas povoações, sendo as principais: Sabugal, Alfaiates, Vilar Maior, Castelo Bom, Castelo Rodrigo, Castelo Melhor e Almeida. Mencionemos ainda as freguesias seguintes: Aldeia do Bispo, Aldeia da Ponte, Aldeia da Ribeira, Aldeia Velha, Alfaiates, Badamalos, Bismula, Ruivoz, Ruvina, Rebolosa, Nave, Soito, Vale das Éguas, Vila Boa, Rendo, Quadrazaes, Vale de Espinho, Foios, Forcalhos e Lageosa, todas pertencentes hoje ao concelho do Sabugal.

Além destas, seguiam-se: Algodres, Almendra (1), Almofala, Cinco Vilas, Colmeal, Escalhão, Freixeda do Torrão, Junça, Rio Seco, Vale de Afonsinho, Vale de La Mula, Vermiosa, Vilar de Amargo, Vilar Formoso, Vilar Torpim, Reigada, Luzelos, Malhada Sorda, Malpartida, Mata de Lobos, Nave Redonda, Nave de Haver, Naves, Penha de Águia, Poço Velho, Quintans de Pero Martins, Vale de Coelha e Escarigo.

Todo este território era antigamente denominado - Bispado Novo.

 

Alguns escritores sustentam que tinha sido doado à Rainha Santa Isabel, quando casou com D. Deniz, mas consultando os nossos antigos cronistas, que a respeito deste reinado escreveram, vimos que tal opinião é falsa e destituída de fundamento, visto que aquela santa Rainha, aliás aragoneza, dote algum recebeu, como é fácil demonstrar e, a tê-lo recebido, nunca as terras de que nos estamos ocupando teriam feito parte dele.

O que alguns cronistas dizem é que estas terras foram conquistadas por D. Sancho II aos mouros e por motivos hoje ignorados - desleixo, usurpação, etc. - estiveram sob o poder de Leão até ao reinado de D. Deniz.

Este rei, talvez sabendo que aquelas terras haviam pertencido a Portugal, e, ignorando o motivo por que estavam sob um domínio estranho, meditou a melhor maneira de as reaver.

Dizem Rui de Pina e Duarte Nunes de Leão que Sancho de Ledesma, o maior donatário de Riba-Côa, se declarou vassalo de D. Deniz, a troco de grossas quantias de assentamento e que com estas depois o guerreara; mas os Cronistas castelhanos atribuem tudo a D. Margarida, sua mãe, que pactuava com D. Deniz, não sabendo depois defender o filho.

Não achamos necessária a intervenção desta nobre dama e do filho para facilitar a conquista, desde que tudo se explica por motivos diversos, como brevemente vamos demonstrar.

Já no tratado de Alcanizes se alude, como adiante veremos, a antigos direitos, reconhecidos por D. Fernando ao rei D. Deniz, e embora não sejam especificados todos os lugares, não é mister grande esforço para repelir a ideia de que não fosse precisa a força armada para Portugal entrar na posse de Riba-Côa, e que esta fora doada.

 

O facto da invasão destrói a ideia de dote, que não foi alegado nesse tempo.

Por vários motivos - necessidades em que as suas aventuras por Castela o colocaram, o desejo de dilatar o seu reino e a convicção de que por direito pertencia ao reino - resolveu D. Deniz conquistar a chamada Comarca de Riba-Côa, nome por que então eram ainda conhecidas as terras de que nos vimos ocupando.

Poderosas razões tinha D. Deniz, para levar a efeito tal empresa. .

 

Estas terras eram abundantes de águas e muito próprias para a agricultura, de que era desvelado protector, havendo aí pinhais e soutos de castanheiros, carvalhos, oliveiras, amendoeiras, e amoreiras, além de muitas vinhas, como se deduz da leitura do foral do Sabugal.

 

Devemos ainda acrescentar que neste território havia muitas e fortes praças de guerra, bem situadas e próprias para assegurar a conquista, motivos mais que suficientes para não hesitar D. Deniz em delas lançar mão.

 

Texto retirado do livro:

TERRAS DE RIBA-CÔA.- MEMÓRIAS SOBRE O CONCELHO DO SABUGAL

 Joaquim Manuel Correia Lisboa 1946

Aldeia de Rendo., criado com Wix.com

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