top of page

ORIGENS DE RENDO 

2021 - RENDO

1527 - RYEMDO

1321 - REIMUNDO

RELATIVAMENTE ÀS ORIGENS DE RENDO

ÉPOCA ROMANA  

A ocupação romana da península Ibérica inicia-se cerca do ano 200 antes de Cristo, pelo que os achados arqueológicos encontrados serão sempre posteriores a esta data. 

Foram encontrados vários achados na zona de Rendo e que se encontram registados na Direção Geral  do Património Cultural:

RENDO
TIPO: Necrópole - Lugar designado para enterrar os Mortos, que inclui praticas de inumação ou cremação em épocas Pré / Proto históricas, período Romano e Alta Idade Média

PERIODO: Romano

CODIGO DA DGPC: 5117

VILLA DE LINTEIROS

LOCALPequena elevação junto à ribeira de Palhais, na veiga da Folha da Torre
TIPO: Villa - Estrutura populacional rural Romana, estrutura edificada central de uma grande propriedade agricola ou fundos (com terras agrícolas, área florestal de terrenos de pasto) , sendo constituída por: pars urbana (residência do proprietário, pars rustica (alojamento dos servos / escravos) e pars fructuaria ou frumentaria (conjunto de estruturas e áreas de trabalho e armazenagem, como celeiros, estabulos, lagares, agegas, oficinas, fornos, pequenas unidades industriais).   

PERIODO: Romano

DESCRIÇÃO: Pequena elevação junto à ribeira de Palhais, na veiga da Folha da Torre, com solos de cariz granítico e alguns afloramentos rochosos nas proximidades. Terrenos cultivados e delimitados por carvalhal.

Foi identificada abundante cerâmica de construção (tegulae, imbrices e lateres), cerâmica comum doméstica, um pondus, um fragmento de terra sigillata, um cossoiro, escória e um fragmento de mó circular, numa área de aproximadamente 17.000m². Identificaram-se sob as raízes de um carvalho, vestígios dos alicerces de uma construção.

A 1200 metros para Norte, encontram-se também indícios de um torreão medieval, junto à Capela da Senhora da Torre.

ESPÓLIO: Cerâmica de construção (tegulae, imbrices e lateres), cerâmica comum doméstica, um pondus, um fragmento de terra sigillata, um cossoiro, escória e um fragmento de mó circular.

CODIGO DA DGPC: 5117

FRAGUEMENTO DE TEGULA

LOCAL: Folha da Torre (Rendo)

​PERIODO: Época Romana
DATA ACHADO: Prospecção (1999)

CASSOIRO

LOCAL: Folha da Torre (Rendo)

PERIODO: Época Romana
DATA ACHADO: Prospecção (1999)

Peso de tear (pondus)

LOCAL: Folha da Torre (Rendo)

PERIODO: Época Romana
DATA ACHADO: Prospecção (1999)

 

 

NOME: REYMUNDO (1220/1221)

(Informação obtida no documento de tese de Jorge Luís Cunha Corredoura)

A referencia mais antiga á Aldeia de Rendo, neste caso Reimundo, está associada a uma propriedade adquirida pelo Mosteiro de Santa Maria de Aguiar (Freguesia de Castelo Rodrigo), nos anos 1220/1221.

MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE AGUIAR

A informação referente a esta aquisição consta primeiramente na tese de:

Mestrado de António Maria Balcão Vicente: “Santa Maria de Aguiar - um mosteiro de fronteira: património rural e paisagem agrícola: séculos XII-XIV” Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,  1996.

 

E depois na tese de Mestrado de:

Jorge Luís Cunha Corredoura, “Cister e o Mosteiro de Santa Maria de Aguiar - O ordenamento do território, a fixação de populações, o património disperso: subsídios para a reabilitação e valorização do seu património”

 

Na tese de Jorge Luís Cunha Corredoura na página, 227 do documento em PDF (consultar aqui), e que corresponde à pagina 226 do documento original, existe uma referencia a uma Granja do Sabugal.

 

Esta granja, pertença do Mosteiro de Santa Maria de Aguiar, e que no "Tombo" (Inventário ou registro de bens de raiz) do Mosteiro de 1354 indica que esta granja era delimitada por algumas localidades, entre as quais:

  • a Norte

    • pelo termo de Caria-Talaia - povoação hoje desaparecida, defronte de Rapoula do Coa,

  • a Sul  pelo.

    • Rendo (anterior  «Reimundo»), 

    • Palhais  (anterior  «Palages») 

    • Vila  Boa (anterior «Vilas Boas»),

  • a Ocidente pelo sesmo de Sortelha, junto do Baraçal,

  •  a Leste pela Nave

 

Podemos consultar a tese de Jorge Luís Cunha Corredoura neste endereço:   http://www.rdpc.uevora.pt/handle/10174/18178

Podemos encontrar documentação sobre este mosteiro nos arquivos da Torre do Tombo: https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4380974

 “Historia” desta propriedade onde se encontra incluída a aldeia de Rendo, é resumidamente a seguinte:

1220 – AQUISIÇÃO PELO MOSTEIRO (ABADE RAIMUNDO) DA PROPRIEDADE A LOURENÇO VIEGAS

“As primeiras referências a esta propriedade, localizada no termo do Sabugal, surgem durante o abaciado de D. Raimundo, algures nos primeiros anos da década de 1220, quando no de 1 de  Fevereiro de um desses anos  ocorre a sua  aquisição a  um tal Lourenço Viegas pelo preço de 190 áureos.

(Em Arquivo Nacional Torre do Tombo "Aguiar”, molho 5, doc.34")

O ato de venda, efetuado em conjunto com a sua mulher Maior Pais e seu filho Gomes Lourenço, é testemunhado, entre outros, pelo rei D.  Afonso IX de Leão.

Este monarca teve um papel importante no repovoamento do Riba-Côa, produzindo alguns documentos no Sabugal.

Tratava-se de uma grande herdade que incluía "(...) casas cum totis suis solares et molinos cum totas suas leuadas (…)"

 

 

 

Imagens cedidas por Jorge Luís Cunha Corredoura 

(Em Arquivo Nacional Torre do Tombo "Aguiar”, molho 5, doc.34)

Citado por Jorge Luís Cunha Corredoura na sua tese de Mestrado

1354 - TOMBO DE  1354 (INVENTÁRIO AUTÊNTICO DOS BENS DE RAIZ) DO MOSTEIRO DE SANTA MARIA DE AGUIAR.

Esta enorme propriedade cisterciense, referenciada indistintamente pelo termo "herdade" ou "granja", localizava-se nas imediações do Sabugal, a uns 6 quilómetros a nordeste desta povoação.

, "era  limitada:

  • a Norte:

    • pelo termo de Caria-Talaia - povoação hoje desaparecida, defronte de Rapoula do Coa,

  • a Sul  pelo:

    • Rendo (anterior  «Reimundo»), 

    • Palhais  (anterior  «Palages») 

    • Vila  Boa (anterior «Vilas Boas»),

  • a Ocidente pelo:

    • sesmo de Sortelha, junto do Baraçal,

  •  a Leste pela:

  • Nave 

Em Arquivo Nacional Torre do Tombo "Aguiar”, molho 12, doc.31

Citado por  VICENTE, Antônio Maria Balcão, in "Santa Maria de Aguiar -um Mosteiro de Fronteira", op. cit.,p. 150)

Citado por Jorge Luís Cunha Corredoura na sua tese de Mestrado

  • .

1 498  - ARRENDAMENTO EM VIDA EM NOME DE LOURENÇO AFONSO

Sabe-se que em 1 498 ocorreu o arrendamento em vida em nome de Lourenço Afonso de duas quintas no Sabugal pelo preço de 500 reis e dois pares de perdizes[4].

Em Arquivo Nacional Torre do Tombo "Aguiar”, molho 1, doc.19

Citado por Jorge Luís Cunha Corredoura na sua tese de Mestrado

1543 - TOMBO DA FAZENDA DO MOSTEIRO DE N° SRA DE AGUIAR

" vem referido que "tem o Mosteiro no termo do Sabugal uma granja que se chama «Granja da Torre»:

  • parte com o sesmo da «Coria» e atalaia

  • e da outra parte com

    • Palhais

    • Meimundo  (aqui possivelmente a transcrição foi incorreta. A transcrição correta seria Reymundo)

    • e da outra com Vilas Boas”

Citado por Jorge Luís Cunha Corredoura na sua tese de Mestrado

NOME: PALAGES (1220/1221)

Palhais está também identificado nesta descrição como sendo PALAGES. 

Encontrei esta palavra num dicionário de Francês arcaico , com o seguinte significado:

https://www.cnrtl.fr/definition/dmf/PALAGE

A. - "Droit seigneurial exigé sur l'emplacement d'un moulin"(Ed.)

B. - "Droit seigneurial pour l'attache des bateaux"

.  

traduzindo para Português:

A. - "Direito senhorial exigido no local de um moinho" (Ed.)
B. - "Direito senhorial de amarrar os barcos"

Se esta palavra for efetivamente de origem Francesa, creio que a opção A, fará sentido.  

NOME:  RYEMDO 1527

De acordo com o Livro: "Cadastro da População do Reino", elaborado em 1527 por ordem de D. João III, aparece a indicação do “lugar de Ryemdo”

Este recenseamento identificou:

Ryemdo: 28 moradores

Palhais: 26 moradores 

Pouca Farinha: 13 moradores

Quinta das Casas do Cardeal: 5 moradores

Existe um entendimento que possivelmente para a palavra moradores: significaria uma habitação. 

Desta forma considerando que numa habitação a média de pessoas seria 4 habitantes, teríamos: 

Ryemdo: 112 pessoas

Palhais: 64 pessoas

Pouca Farinha: 52 pessoas

Quinta das Casas do Cardeal: 20 pessoas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

NOME: Quinta das Casas do Cardeal (ano de 1527)

 

A aldeia do Cardeal, em 1527 era identificada como sendo Quinta das Casas do Cardeal, 
Eventualmente seria uma quinta pertenceria a algum Cardeal da Guarda.

 

NOME: RENDO (ano de 1321)

 

No livro:

Diocese e Districto da Guarda” de José Osório da Gama Castro:

Serie de apontamentos históricos e tradicionaes sobre as suas antiguidades; 

Algumas observações respeitantes á actualidade;

e notas referentes á cathedral egitaniense e respectivos prelados, 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Livro este que foi editado em 1902, existe uma referencia a Rendo.

 

No ano de 1321 (pag. 504) é identificada a Igreja de Rendo (pag. 505) , como sendo Igreja de S Magdalena de Rendo. 
Esta referencia à Igreja de Rendo é datada de "1321 da era christã"  e consta do:

"Cathalogo de todas as egrejas commendas e mosteiros que  havia nos reinos de Portugal e  Algarves pelos annos de 1320 e 1321 com a  lotação de cada uma d'ellas. Anno de 1746"

 

 Este  catálogo consta do codice manuscripto, n.º179 da collecção pombalina na Biblioteca Nacional de Lisboa.

A referencia a Rendo enquadra-se num documento que identificava as taxas aplicadas a cada Igreja, pelos Juízes executores da cidade da Guarda:

 

Aos trez  dias  do  mez  de  junho da  era  de  1359 (deve  ser- 1321  da  era christã, se aquella  se  refere  á de  Cesar,  como sem   duvida  refere,   porque  d'outro  modo   já  D. Diniz  não existia)  principiaram  os  juizes executores na cidade   da Guarda a 'taxar  as egrejas d'ella  e de  todo o seu bispado,  e na  mesma   cidade   taxaran tambem,  mas  com separação, as egrejas e beneficios pertencentes ao  bispado  de  Cidade   Rodrigo  que  estavam dentro dos limites de  Portugal, na fórma que  adiante segue”

 

"A egreja de S.  Magdalena de  Rendo  8 Libras"

Esta referencia a Rendo é efetuada é também por Joaquim Manuel Correia em 1946 no seu livro  TERRAS DE RIBA-CÔA. - MEMÓRIAS SOBRE O CONCELHO DO SABUGAL:

 

"O pároco de Rendo era da apresentação do Arcediago do Coa, no tempo em que pertencia ao Bispado de Lamego, recebendo 40.000 reis de côngrua. Actualmente é uma das mais rendosas freguesias, apesar de trabalhosa para o pároco, em virtude de serem muitos os lugares de que se compõe. O rendimento paroquial, segundo as declarações dadas pelo falecido pároco padre ANTÓNIO ANTUNES DOS SANTOS, natural da Nave e orador de fama, é a seguinte,: . Côngrua, 98.000 reis; passal, 10.000 reis e pé de altar, 92.000 reis. O orago da freguesia era outrora Santa Maria Madalena e era taxada em 1359 (1321 da era cristã) em 8 libras. Cada libra valia 36 reis e 20 soldos e o soldo 1 real e 4 quintos do real (Diocese e Districto da Guarda, pág. 504)."

Nesta referencia a Rendo identificam que o orago da igreja era Santa Maria Madalena.

 

 

A questão é saber se o nome Rendo associado à Igreja de Santa Maria Madalena em 1321, é o mesmo Rendo a quem o Mosteiro de Santa Maria de Aguiar chamava Reymundo em 1354.

Quer o José Osório da Gama Castro, que escreveu o livro “Diocese do Distrito da Guarda”, quer Joaquim Manuel Correia, que escreveu o livro “Terras de Riba-Côa. - Memórias sobre o concelho do Sabugal” eram investigadores respeitados da história da Zona da Guarda e do Sabugal, pelo que as afirmações por eles produzidas têm um grau de segurança elevado, e que leva a considerar a forte hipóteses de estes dois “RENDOS”: Rendo e Reymundo serem a mesma localidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Memórias sobre o concelho do sabugal.jpg
PALAGE - dicionario antigo frances.gif
RENDO 1321.png

Aldeia de Rendo., criado com Wix.com

bottom of page