
Arqueologia - DGPC
NOME DO SITIO ARQUEOLÓGICO: Rendo
TIPO: Necrópole - Lugar designado para enterrar os Mortos, que inclui praticas de inumação ou cremação em épocas Pré / Proto históricas, período Romano e Alta Idade Média
PERIODO: Romano
CODIGO DA DGPC: 5117

Arqueologia- DGPC
NOME DO SITIO ARQUEOLÓGICO: Villa de Linteiros
TIPO: Villa - Estrutura populacional rural Romana, estrutura edificada central de uma grande propriedade agricola ou fundos (com terras agrícolas, área florestal de terrenos de pasto) , sendo constituída por: pars urbana (residência do proprietário, pars rustica (alojamento dos servos / escravos) e pars fructuaria ou frumentaria (conjunto de estruturas e áreas de trabalho e armazenagem, como celeiros, estabulos, lagares, agegas, oficinas, fornos, pequenas unidades industriais).
PERIODO: Romano
DESCRIÇÃO: Pequena elevação junto à ribeira de Palhais, na veiga da Folha da Torre, com solos de cariz granítico e alguns afloramentos rochosos nas proximidades. Terrenos cultivados e delimitados por carvalhal.
Foi identificada abundante cerâmica de construção (tegulae, imbrices e lateres), cerâmica comum doméstica, um pondus, um fragmento de terra sigillata, um cossoiro, escória e um fragmento de mó circular, numa área de aproximadamente 17.000m². Identificaram-se sob as raízes de um carvalho, vestígios dos alicerces de uma construção.
A 1200 metros para Norte, encontram-se também indícios de um torreão medieval, junto à Capela da Senhora da Torre.
ESPÓLIO: Cerâmica de construção (tegulae, imbrices e lateres), cerâmica comum doméstica, um pondus, um fragmento de terra sigillata, um cossoiro, escória e um fragmento de mó circular.
CODIGO DA DGPC: 5117

MUSEU DO SABUGAL - Fragmento de tegula
LOCAL: Folha da Torre (Rendo)
PERIODO: Época Romana
DATA ACHADO: Prospecção (1999)

MUSEU DO SABUGAL - Cossoiro
LOCAL: Folha da Torre (Rendo)
PERIODO: Época Romana
DATA ACHADO: Prospecção (1999)
.jpg)
MUSEU DO SABUGAL - Peso de tear (pondus)
LOCAL: Folha da Torre (Rendo)
PERIODO: Época Romana
DATA ACHADO: Prospecção (1999)

MARCOS DE PROPREEDADE - RENDO E RUVINA - SEC XVII
FONTE: Pedras singulares (capítulo II): Outros achados arqueológicos enigmáticos do concelho do Sabugal por Marcos Osório
Nos últimos anos foram identificadas diversas pedras morfologicamente semelhantes e com uma epígrafe comum, que teriam a função de marcos de propriedade, o que é pouco frequente nesta região do Alto Côa. São blocos retangulares de granito pouco grosseiro, em formato de estela, mas toscamente aparelhados, com uma dimensão média de 125X52X25 cm.
Foram até ao momento identificados quatro exemplares dois junto a caminhos rurais nas proximidades de Caria Talaia (Ruvina) , outro à entrada da povoação da Ruvina e um outro a servir de torça de um edifício em Rendo (que se encontra fraturado pela sua reutilização nessa posição).
Os dois primeiros marcos são os únicos que poderão estar in situ, pois foram encontrados junto a propriedades agrícolas, delimitando a área da quinta pela parte setentrional (a pedra estava tombada e foi colocada, recentemente, em pé no alargamento do caminho). Os exemplares guardados na aldeia da Ruvina e de Rendo são provenientes de lugar desconhecido.
Todas as pedras apresentam um formulário idêntico de duas linhas gravadas: «S. / MICVEL» (com nexo ‘MI’), lendo-se “São Miguel”, considerando a letra ‘C’ no lugar do ‘G’. Estão ligeiramente gastas e foram ambas gravadas pela mesma mão.
Os marcos delimitavam os terrenos de uma propriedade com topónimo hagiológico, podendo pertencer a uma instituição religiosa. Por coincidência, o colégio existente na Ruvina é de São Miguel e pertence a um conjunto de outras instituições de caridade de mesmo nome, no distrito da Guarda, sediadas na Cerdeira e no Outeiro de S. Miguel. Tiveram casa e terras na zona das Termas do Cró e ainda hoje têm propriedades nas freguesias da Ruvina.
Por outro lado, a poucos metros para oriente da povoação de Rendo encontra-se uma capela de dedicação a São Miguel que poderia ter rendimentos fundiários nas imediações. Nas Memórias Paroquiais de 1758 dessa freguesia é referido que a ermida ficava no “centro da Quinta de São Miguel”, ficando a saber-se que esta já existia pelo menos no séc. XVIII (Jorge, 1990: 65).
Mas, o facto mais enigmático sobre estes marcos foi a identificação que fizemos, num acompanhamento arqueológico há anos atrás, de uma outra estela exatamente igual, no limite norte da freguesia da Benespera (concelho da Guarda), em terrenos de outra Quinta de São Miguel aí existente (Gomes, 1997: 69). Há informação de que esta quinta recua a sua origem, pelo menos, aos séculos XIV-XV e nas imediações foi identificada até uma sepultura escavada na rocha de cronologia medieval.
Nesse marco leu-se igualmente a mesma inscrição «S. / MCVEL» e, na altura, considerou-se que se tratava do marco de antiga delimitação dos terrenos dessa propriedade.
Que relação poderá haver entre estes diferentes marcos de propriedade? Sabe-se que os antigos proprietários desta quinta da Benespera, os Padres Álvaro e Norberto Quintalo da Cunha, eram também naturais da aldeia de Rendo (Sabugal) (informação facultada por Fernando Curado), oque é apenas uma coincidência, pois a cronologia da epígrafe é muito mais antiga.
Poderíamos então concluir que essa pedra do concelho da Guarda teria sido trazida do concelho do Sabugal por estes mesmos proprietários.
Mas temos de recuar a meados do séc.XVII para verificar a existência de relações familiares e propriedades comuns em ambas regiões.
Sabe- se que um dos antigos donos da quinta da Benespera era Luís de Basto Saraiva, conforme expresso nas respetivas memórias paroquiais de 1758 (Chorão, 2002: 80: agradecemos a Fernando Curado a informação), que casou com D. Ana da Fonseca, com ligações a Vilar Maior (Sabugal) (Morais, 1678: 180). Este antigo governador da Baía foi mesmo sepultado na Igreja de Santo Antão da Benespera. Entre as propriedades que passou a deter por casamento terão estado, provavelmente, terrenos nas aldeias de Rendo e da Ruvina.
Diz a obra Pedatura Lusitana que foi muito rico, mas que gastou tudo o que teve, e por isso ganhou a alcunha de Luís “Gasto” (Morais, 1678: 180).
É nesse contexto que se entenderá o fabrico destes extravagantes marcos epigrafados para delimitar, com rigor, ambas as propriedades que possuía.